Regresso ao escritório
Depois de uma tentativa frustada e bem dolorosa de regressar ao trabalho presencial na semana passada, hoje foi o dia em que voltei ao escritório.
Tudo começou com uma orientação superior, em que nos mantemos em teletrabalho 2 dias por semana, e temos que cá vir 3 , descobrir uma secretária livre com computador, e fazer exatamente o que fazemos em casa, ou bastante menos, pois perde-se tempo (imenso) no caminho para cá, não se toma café frente ao pc, desliga-se o pc bem mais cedo e perde-se ainda mais tempo a voltar para casa.
Tentei vir na semana passada, mas o Universo também estva contra a minha volta. Não consegui cá chegar, mercê de um camião que se atirou literalmente para cima do meu carro, que repousa agora nas urgências oficinais.
Adiante que, salvo a chaparia lateral ter ficado toda lixada e de eu ter ficado dorida como o caraças, estou aqui para contar a história, que quase ninguém acreditava.
Hoje então fui buscar todas as minhas forças, enchi o peito de coragem, exorcizei os meus fantasmas e aqui estou eu, sentada em secretária alheia frente a pc partilhado, longe da minha janela, com uma neura do tamanho do mundo.
Se havia alguma réstea de saudade bem escondida dentro de mim, comprovei que nem sequer uma pontinha em que me pudesse agarrar.
Tive das manhãs menos produtivas dos últimos tempos, com constantes interrupções bem intencionadas mas que me levam ao desespero e à vontade de ser bruta.
Perdi a conta ao número de vezes que já me levantei deste lugar, em que desci e subi os degraus, em busca de arejar a mente, o espírito, a alma e o corpo.
A minha concentração apresenta mínimos olímpicos, pois as conversas cruzadas de um lado e de outro mantém-se a bombar.
Sinto-me triste, infeliz e deprimida, e não gosto de me sentir assim.
Estou a sonhar com a hora de me ir embora, de sair daqui, e de chegar ao meu porto seguro.